31 outubro, 2011

para a Matilde

Têm saltitado muitos coelhos destas novas paredes, depois dum tempo comprido a organizar as caixas de cartão que vieram connosco. Botões, tecidos, fios e um cão, mais dois gatos emprestados pela vizinhança. Este é para a Matilde.

Retrato: coelho de pano.

04 julho, 2011

para o Tomás

Tanto o Tomás como o macaco de pano têm alguns dias de florescimento. Eis que vieram ao mundo visual por mãos de outros mas, em pouco tempo, vão reencontrar-se.


Retrato: o mais recente bicho de pano.

17 maio, 2011

depois de um ano

nova ninhada da mãe Violeta, uma gata que apareceu e ficou. Apesar dela não se deixar tocar, é permissiva quando esticamos os dedos para chegar a estes pequenotes. Todos adoptados, ainda bem.

Retrato: gatos bebés da mãe Violeta.

01 maio, 2011

é tudo uma questão de tempo

É uma frase que me é familiar. Ouvia já outras bocas dizerem quando pequena, até agora já maior. Há estudos na Psicologia que mostram a grande possibilidade disto ser uma verdade, há experiências de vida que nos provam que assim o é. É tudo uma questão de tempo. Seja para trás ou para a frente, horas a mais ou a menos, atrasos ou adiantos. Poderia dizer algumas coisas, por exemplo. É uma questão de tempo até as obras intermináveis da casa estarem prontas. É uma questão de tempo até ter a minha oficina de volta e coser panos e fios. É uma questão de tempo até virem as andorinhas.

20 março, 2011

o homem dos tantos instrumentos

Ontem pude estar num concerto muito próximo com o David Santos, projecto Noiserv, acompanhado pela mão ilustradora de Diana Mascarenhas. A sensação era mais de estar perto, em cima ou por dentro de tudo o que ia acontecendo diante dos olhos. O olhar concentrado, a sincronia entre instrumentos, a voz tranquila e os desenhos naturais. E nós sentados em poltronas, almofadas pelo chão, bancos forrados. Mais uma vez vou aplicar o verbo gosto. Gosto muito, aliás.

Retrato: Noiserv, tirado por Carlos Moreira.

19 fevereiro, 2011

ontem

Chovia em cortina, um chuveiro grosseiro e frio. Noite pura. Não o suficiente para abafar a curiosidade de ouvir o Afonso Cruz em mais uma das conversas na biblioteca municipal. Na entrada, ofereciam um marcador em papel numerado para o sorteio de três livros do autor. Apesar de não ser mordida por ideias supersticiosas, causa sempre um riso espontâneo quando somos o treze. Ouvi o Afonso, encantada. É um homem plural, que já se adivinhava nos grandes pormenores da sua aparição. Gosto dele. É um verbo interessante de conjugar. Aliás, vi-o também nos livros ilustrados que por lá havia. Antes de vir, disseram o número treze. Outro riso espontâneo. Nas entranhas do casaco, para proteger da chuva ainda vinda lá de cima, o livro que já comecei. Ontem foi assim. E hoje?

Retrato: ilustração de Afonso Cruz.

10 fevereiro, 2011

as obras em casa

Andamos assim desde Setembro, a contar pelos dedos os dias e as semanas. Estamos no mês de hoje e ainda numa casa emprestada, confortável e de bom cheiro. O que sinto falta? Da minha mesa de trabalho, com agulhas e linhas, cartões aproveitados e tecidos acumulados. Mais do que um ofício, é uma forma de respirar cor e mudança, em devaneios inventivos. A ver se em breve ponho a casa em ordem, como se costuma dizer. Falta amaciar o chão e pintar as paredes. Julgámos que seria em dois dias, já lá vão mais de dois meses. Mas o que mais me conforta é saber que temos lá um curto bocado de terra para plantar alfazema. É esperar. Hum.