Chovia em cortina, um chuveiro grosseiro e frio. Noite pura. Não o suficiente para abafar a curiosidade de ouvir o Afonso Cruz em mais uma das conversas na biblioteca municipal. Na entrada, ofereciam um marcador em papel numerado para o sorteio de três livros do autor. Apesar de não ser mordida por ideias supersticiosas, causa sempre um riso espontâneo quando somos o treze. Ouvi o Afonso, encantada. É um homem plural, que já se adivinhava nos grandes pormenores da sua aparição. Gosto dele. É um verbo interessante de conjugar. Aliás, vi-o também nos livros ilustrados que por lá havia. Antes de vir, disseram o número treze. Outro riso espontâneo. Nas entranhas do casaco, para proteger da chuva ainda vinda lá de cima, o livro que já comecei. Ontem foi assim. E hoje?
Retrato: ilustração de Afonso Cruz.
Retrato: ilustração de Afonso Cruz.