19 fevereiro, 2011

ontem

Chovia em cortina, um chuveiro grosseiro e frio. Noite pura. Não o suficiente para abafar a curiosidade de ouvir o Afonso Cruz em mais uma das conversas na biblioteca municipal. Na entrada, ofereciam um marcador em papel numerado para o sorteio de três livros do autor. Apesar de não ser mordida por ideias supersticiosas, causa sempre um riso espontâneo quando somos o treze. Ouvi o Afonso, encantada. É um homem plural, que já se adivinhava nos grandes pormenores da sua aparição. Gosto dele. É um verbo interessante de conjugar. Aliás, vi-o também nos livros ilustrados que por lá havia. Antes de vir, disseram o número treze. Outro riso espontâneo. Nas entranhas do casaco, para proteger da chuva ainda vinda lá de cima, o livro que já comecei. Ontem foi assim. E hoje?

Retrato: ilustração de Afonso Cruz.

10 fevereiro, 2011

as obras em casa

Andamos assim desde Setembro, a contar pelos dedos os dias e as semanas. Estamos no mês de hoje e ainda numa casa emprestada, confortável e de bom cheiro. O que sinto falta? Da minha mesa de trabalho, com agulhas e linhas, cartões aproveitados e tecidos acumulados. Mais do que um ofício, é uma forma de respirar cor e mudança, em devaneios inventivos. A ver se em breve ponho a casa em ordem, como se costuma dizer. Falta amaciar o chão e pintar as paredes. Julgámos que seria em dois dias, já lá vão mais de dois meses. Mas o que mais me conforta é saber que temos lá um curto bocado de terra para plantar alfazema. É esperar. Hum.