Bocas dizem que se os bichos falassem talvez o animal homem os quisesse mais longe ainda. Se os bichos pudessem contar ao mundo o que sentem quando sabem de vizinhos que envenenam gatos peludos de olhos esmeralda ou vestem caniches de princesas medievais, talvez a nossa consciência do papel do evoluído ramapitecus (nome digno dum ser vivo superior) no universo ficasse ainda mais esburacada. Contudo, há bichos da nossa espécie que quando abrem a boca também afugentam, corpos opacos e um olhar partido. Gente que usa a língua de qualquer maneira, sem fazer atenção de que as palavras podem ser cantadas quando contadas. Dar-lhes uma melodia, um sentido de mais amor. Agora, vejo-os como cavaleiros desarmados que fabricam maldade aparente para se sentirem mais protegidos. Pessoas com medo de acreditar na amizade entre os homens e mostradores dos unhos e saliências dentais por reserva de território. E com tanta vontade por um beijo, afinal.Se pudesse ver uma vontade minha concretizada, seria que, assim como há bocas a dizerem que amamos os bichos porque estes não falam, houvesse mais bocas a dizer que nos podíamos amar mais uns aos outros por aquilo que dizemos e pela forma como o fazemos. Fica a ideia.
Retrato: 3 gatos bichaneiros ainda em metade.
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