O mundo visto do chão é mais doce. Os olhos postos no acima da vida, na grandeza dum voo simples da borboleta mais vulgar, nas poeiras cintilantes que vão caindo sobre nós. Quando me levanto, tropeço no meu próprio pensamento. Tem um defeito, é horizontal. Bichos e coisas numa única linha, homens e ideias num mesmo lugar. A verticalidade na linguagem incomoda, ainda mais no coração. Hierarquias, superioridades, títulos, reverências. Somos gente, bicho e coisa, num universo que se vai fazendo de memórias e imaginação. O coração do pássaro livre tem outro batimento que não o nosso, mas será por isso menos valioso?
Retrato: um bicho asado com vontade de ir tão longe.
11 fevereiro, 2010
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