A língua pode sentir sabores, apalpar texturas, lamber rostos, humedecer linhas, beijar bocas, dizer todas as palavras que flutuam no mundo. É aqui que se levanta o amargo mais vil, quando a língua de alguém se desprende em indelicadezas. É tão possível falarmos entre tantos com a cortesia que só usamos de vez em quando, é tão reconfortante falarmos entre tantos sem muros nem espinhos. Gosto das utopias porque me amansam a alma, como a Alice do País das Maravilhas que acredita em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço (como sublinho esta proposta imaginária). Mas se há uma utopia pela qual poderei vir a cegar-me como crente devota é que a maior parte do universo humano (e, sim, inclui a felicidade, o amor e a amizade) está inteiramente ligada ao formato da nossa língua (leia-se sensatez no falar).
Antes de se falar, que se escute. Antes de se dizer, que se pondere. Na vez de acusarmos de que não gostamos disto, por que não explicar que gostamos mais daquilo?
10 março, 2010
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