22 maio, 2010

o muffin e a dentada do gato

Não sou rapariga boleira, mas tenho bocas à minha volta que perguntam por coisas doces. Então, que comam queques feitos em casa com capricho e graça. Eis os muffins de cenoura e aveia. Para escapar aos números certos da balança, podemos usar uma chávena como medida (para 12, uma de 200 ml):
> 1 chávena de flocos de aveia para cozinha rápida
> 1 chávena e meia de farinha (branca ou integral ou mistura)
> meia chávena de açúcar amarelo
> 1 colher de sopa de fermento
> meia chávena de cenoura raspada
> um quarto de chávena de laranja raspada
> sal a gosto
> 2 ovos
> 1 chávena de leite com 1 colher de sopa de sumo de limão

Misturar os ingredientes secos, depois juntar os ovos e, por fim, o leite com o limão. Sem maquinaria, mexer durante pouco mais de meio minuto com uma colher de pau até ficar uma massa simpaticamente homogénea. Juntar passas, nozes, canela, alperce ou ameixas secas, se a gosto. Levar ao forno em 180 graus durante 30 minutos. Prontos a serem dentados. Ah, reservar em local onde bichos de pano não consigam chegar. Aviso: os daqui ADORAM.

Retrato: o gato de pano e um queque caseiro bem dentado.

20 maio, 2010

a magia do sapal

Lembro-me de ter cinco palmos de altura e ouvir as estórias da mãe antes de dormir: a única regra seria acontecer na floresta e com animais da floresta. Curioso é aperceber-me de que há sempre lugar para um sapo, bicho tão gostado que ora vira um rapaz bonito da realeza ou tem poderes mágicos aprendidos com a bruxa da casa-árvore e as fadas dos laranjais. Talvez por isto, encanta-me qualquer sapal com canas e lagos. Cá na terra, há este ainda. Quando a lua se abrilhanta no céu (em pós de prata que vão caindo), pode ouvir-se o coaxar como se uma cantiga de embalo. Poderia dizer-se que, por momentos, estamos dentro duma estória inventada.

Retrato: um canavial junto ao rio Lima.

16 maio, 2010

o ensaio simiesco

É do rapaz que vem este gosto por macacos. Tem um enamoramento por eles, nunca esgaravatei porquê. Depois, vem também dos mais velhos quando perguntam, delicadamente tem feito mais macacos?. A vontade é dizer antes gatos e coelhos, mas alinhavo um sorriso que adianta um sim convicto. Sim, tenho feito mais macacos. Ou antes: o primeiro macaco na doutrolugar. Assim, em nome do rapaz com amor por eles e dos mais velhos que perguntam por eles, eis o dianteiro ensaio simiesco. E num impulso tão natural dou comigo a cantarolar a música do José Cid como o macaco gosta de banana eu gosto de ti...

Retrato: a quase Umblina, também com reaproveitamento.

14 maio, 2010

13 maio, 2010

a vida que mais quis

É costume ouvir no quadrado de gabinete "nem todos temos o que sonhámos, nem todos temos o que merecemos, nem todos podemos ser felizes". Também é costume ouvir "o homem é o eterno insatisfeito, o homem é exigente, o homem não sabe aproveitar as oportunidades". Perguntar-me sobre felicidade levanta uma urticária por todo o corpo, contorço-me na cadeira e quase mordo os dentes. Pode ser coisa simples e complicada, doce ou amarga. Mais uma vez, é uma questão de perspectiva. E definição. O que é ser feliz, afinal? Podia dizer escrevinhar contos, alinhavar bonecos de pano, fazer o meu ofício. Ou outro tanto de motivações mais. Podia pronunciar nomes, objectos, viagens. Bens, sonhos e projectos. Para mim, ser-se feliz pode ser simplesmente manter a nossa lente do mundo o mais sensata possível e saber reciclar cada momento em aprendizagens, prazer e ajuda. Ser-se feliz? Como num filme recente, "é aceitar tudo aquilo que nos acontece". Remato, ainda "e ajudar a fazer acontecer".

Retrato: a coelha Rosa Celeste com uma flor-botão.

06 maio, 2010

falar pretamente

Quando mostrei a nossa Maria Preta aos primeiros olhos, veio a pergunta: um coelho preto? Com as duas mãos, tapei as orelhas tão compridas da bicha de pano e esbocei um sorriso amargo. Quem os ouve, até parece que nunca viram um gato púrpura ou uma raposa azul. Já para não falar dum lobo amarelo torrado ou dum anjo castanho cacau. Isto faz-me lembrar quando vou às escolas falar com os meninos pequeninos sobre escrita, contos e poesia e me perguntam o meu animal preferido. Faço por inventar um qualquer na hora: seja o morcegato ou o cãomaleão. Eles riem e continuam a estória, imaginam o bicho estranho, como anda, voa ou fala. É isto que me prende tanto à simpleza das crianças: a abertura para imaginar um mundo mais encantado (chamo-lhe efeito "a vida é bela", pelo filme do Benigni).

Retrato: a coelha Maria Preta, em breve na nossa quase montra.

04 maio, 2010

alguém disse dos gatos e coelhos

Se há coisa que me apaixona todos os dias é levantar-me de manhã, espreguiçar-me e ouvir já os saltos da minha bicha de quatro patas a transbordar alegria. Sobe-me pelas pernas, lambe-me as mãos, na sua cara achatada e parda nota-se um sorriso quase. Talvez tenham, afinal, um miolo neuronal mais ajustado ao mundo. É de uma generosidade tal que apetece estar sempre, até a noite de sono parece comprida de mais. Poderíamos nós homens copiar o código para uso corrente?

Retrato: dois bichos de pano numa amizade sem as fronteiras do preconceito.

03 maio, 2010

aos saltos pelo chão da casa

Todos prontos para o primeiro nome e retrato. Numa dianteira impressão, parecem ariscos e doces, risonhos e comedores. Cenouras, aipo e botões. Ah, fazedores de amizades com gatos e gente.

Retrato: um dos coelhos de pano, para breve numa feira de artesanato.