Quando estamos adoentados, é como se o corpo passasse do estado sólido para líquido ou mesmo gasoso. Metida nos lençóis, pestajenava mais depressa para dizer sim, mais devagar para dizer não. Os meus bichos de trapos ficaram sentados na prateleira, numa espera silenciosa pelo meu regresso. Uns sem braços, outros despidos, outros ainda por fazer, aos saltos para ganharem algum formato que fizesse deles qualquer coisa. Sempre de pijama, desbotada, com uma sede de mulher abandonada num deserto febril, as mãos pediam costura ou escrita. NADA. Só pestanejava mais depressa para dizer sim, mais devagar para dizer não. E lembrei-me do meu avô, já noutro lugar que não este. O mais importante na vida é a saúde. Quando mais pequena, considerava o pedido muito descolorido e sem graça (de tão modesto). Hoje, sim. O estado do corpo merece cuidados e mais de amor. É através dele que o nosso íntimo se revela.
Hoje declaro-me de volta ao ofício e, com a ajuda das mãos perfeitas da mãe, mais seis vestidos vieram para os gatos bichaneiros e homens angelus ainda tão nus (em breve nas novidades da loja DOUTROLUGAR).
Retrato: fico encantada a observar este objecto, no Louvre - na minha cabeça, é um cavalo de pau no imaginário das crianças do Antigo Egipto.
11 janeiro, 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário